Conhecido como o maior parque e último remanescente urbano do país de dunas, lagoas e restinga – nunca antropizada – o Parque das Dunas, localizado em Praia do Flamengo, é dono de uma beleza sem igual. Administrado pela Universidade Livre das Dunas (OSCIP-UNIDUNAS) desde 1994, o parque vem incentivando a visitação de instituições de ensino, associações, ONG’s nacionais e internacionais, entre outros, demonstrando o potencial da área, através de trilhas interpretativas guiadas e pesquisas cientificas.
Pouco conhecido pela população, o Parque das Dunas baseia-se nas diretrizes ambientais, educacionais e de sustentabilidade. Quem visita o local pode encontrar trilhas interpretativas nas dunas – guiadas por professores e voluntários -, matas e lagoas, fauna e flora nativa, diversas espécies endêmicas, cursos ligados ao meio ambiente e uma sala verde com cerca de 8 metros acima do nível do mar, levando o conceito visual da beleza do Parque das Dunas:
“No espaço nosso visitante pode apreciar a área natural construído com eucalipto tratado (madeira de reflorestamento), dispensando paredes de concreto, ar condicionado e energia artificial. As aulas ao ar livre vão proporcionar um bem estar aos alunos que aprenderão de forma prazerosa conceitos de ecologia e meio ambiente”, explicou Jorge Santana.
Segundo o diretor local, regularmente o espaço recebe visitas de estrangeiros interessados em promover pesquisas no ecossistema baiano: “Há um tempo recebemos graduadas da faculdade norte-americana de Geórgia, a Spellman College.
Na oportunidade, a equipe promoveu uma pesquisa de dois meses em nosso ecossistema. Em 2008 recebemos botânicos do Museu de Evolução da Universidade de Uppsala, da Suécia, onde os mesmos ficaram encantados com o nosso projeto, entre muitas outras visitas”, explicou.
Postos Avançados
De acordo com o Jorge, os Postos Avançados são centros de divulgação de ideias, conceitos, programas e projetos desenvolvidos pela RBMA, gerida por um Conselho Nacional, formado por representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população residente:
“Para ser um Posto Avançado, aprovado pelo Conselho, é necessário que a instituição desenvolva pelo menos duas das três funções básicas da Reserva nos campos da proteção da biodiversidade, do desenvolvimento sustentável e do conhecimento científico e tradicional sobre a Mata Atlântica. Este momento reflete no reconhecimento dos trabalhos realizados pelas instituições que são reconhecidas como postos avançados em busca da continuidade e multiplicação das suas ações”, explicou o fundador do Parque, lembrando ainda que hoje a Bahia é o estado que mais tem postos avançados, sendo quatro destes na região do Litoral Norte (Reserva Sapiranga, Instituto Baleia Jubarte, Parque Sauipe e hoje o Parque das Dunas), fruto do trabalho desenvolvido pelo Subcomitê da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do Litoral Norte do Estado da Bahia – SCRBMA-LN.
Dentre algumas pesquisas e descobertas que foram feitas no local, Jorge sinalizou trabalhos de estudos diversos realizados por alguns pesquisadores, como um grupo da UEFS, que fazem uma bioprospecção de microalgas presentes no reservatório hídrico de bromélias, no estudo de fungos endofíticos e seus potenciais biotecnológicos, e no processo de identificação de micro-organismos celulolíticos com o intuito de avaliar sua utilização no tratamento de resíduos orgânicos.
Apesar de tantos benefícios que o parque oferece, a população local e internacional, além de sua importância ambiental para Salvador, Jorge Santana sinalizou uma ameaça cuja área ambiental vem enfrentando.
Segundo o fundador, de um lado a INFRAERO pretende implantar na área a terceira pista do Aeroporto e do outro lado os antigos proprietários da área verde estão querendo solicitar as suas áreas de volta, pois o município de Salvador não está horando o compromisso assumido com eles, no que se refere ao pagamento da indenização pela desapropriação das áreas.
“O Estado da Bahia declarou no mês passado parte da área de utilidade pública para fins de desapropriação, eles no que se refere ao pagamento da indenização pela desapropriação das áreas. Se isso vier a acontecer, será uma grande perda para a biodiversidade brasileira, uma vez que o ecossistema de dunas e restingas apresenta características bastante particulares, favorecendo tanto o comportamento de espécies de forma diferenciada, como também a presença de espécies endêmicas”, revelou.
O Parque das Dunas realiza, constantemente, intercâmbios ligados às atividades culturais e acadêmicas, buscando sempre o relacionamento com as universidades, escolas e visitantes. Com as universidades, Jorge Santana explica que firma convênios com o intuito de incentivar a presença de pesquisadores na área do parque, promovendo tanto um crescimento profissional para os estudantes e consequentemente colaborando com o desenvolvimento das universidades e do próprio Parque das Dunas.
“Atualmente temos a presença de estudantes de diversas universidades desenvolvendo trabalhos na área do parque em diferentes linhas de pesquisa, universidades como a UFBA, Unifacs, FTC, Unijorge, Uefs e UFRB, do Estado da Bahia, e de outros Estados como a UNESP, UFSE e a UFRJ. Através destes trabalhos, possibilitamos uma troca de conhecimento científico relacionados ao ecossistema local”, explicou.
Além de trabalhos relacionados com cursos de graduação, mestrado e doutorado, o diretor acrescenta que o parque apoia também atividades relacionadas a cursos profissionalizantes, através do convênio firmado com o SENAI PRONATEC e disponibiliza salas de aula onde já foi possível capacitar mais de 1.100 estudantes do ensino técnico ambiental (gestão ambiental, agente de defesa ambiental, agente de fiscalização e recursos hídricos).
Fonte: Tribunadabahia.com.br
Por Amanda Sant’Anna